Os vereadores aprovaram, por unanimidade, na sessão ordinária do dia 15 de outubro, duas moções de congratulações, propostas pelo presidente vereador Giovani Colorio (PP). As proposições buscam homenagear os descendentes de José Manoel Correa e de Tristão José Francisco de Oliveira, pelos 260 anos de imigração Luso-Açoriana no Rio Grande do Sul.
As Moções serão entregues, aos familiares, em sessão solene que acontece na próxima segunda-feira, dia 22 de outubro, às 19 horas, momento em que será feita a confirmação do Protocolo de Irmandade entre Gramado e Angra do Heroísmo. Antes disso, às 18h30min está agendada a abertura da exposição “Um olhar Gramadense sobre os Açores”, no saguão da Câmara Municipal.
As comemorações dos 260 anos de imigração Açoriano no estado continuam por toda a semana com atividades que estão sendo organizadas pelo Centro Luso Açoriano da Região das Hortênsias –Gramado.
 Histórico José Manoel Correa
Natural de Lages, Santa Catarina, José Manoel Correa nasceu em 1822. Foi Batizado em 28 de julho de 1822 também em Lages. Casado em Gravataí com Anna Brandina Aurélia do Nascimento, em 12 de abril de 1845. Ela, filha de Gabriel Mendes da Silva Pimentel e Alda Brandina do Nascimento. Viúvo veio a casar novamente com Maria da Conceição, enteada de Tristão José Francisco de Oliveira, em 15 de dezembro de 1894, aqui, no Secador do Costeiro, hoje, Gramado. Faleceu em 20 de fevereiro de 1897, possivelmente, em Gramado.
Os documentos primitivos mencionam a paragem de Lages, como um pouso de tropeiros que viajavam para São Paulo ou Sorocaba, levando mulas, cavalos e bovinos. Os tropeiros primitivos, mesmo os residentes no povoado, na sua maioria não eram lageanos, mas portugueses e açorianos. Somente mais tarde foi que tropeiros, já nascidos em Lajes, exerceram esta tradicional profissão. E foi assim que Juca Lageano deve ter surgido na história destas terras, como um tropeiro.
Desde 1880 tinha posse de terras no Sertão da Serra, hoje Gramado, com 16.480.000 hectares no lado norte do município para os lados da Linha Nova e Linha São Roque. De posseiro a proprietário, de papel passado. Para ter o registro destas terras ele comprovou MORADA, FAMÍLIA, PLANTAÇÃO E CRIAÇÃO DE GADO.
Em 01-10-1880, requereu a medição e demarcação de um sítio de terras e matos no lugar denominado Rancho das Táboas nos fundos do Faxinal, que houve por ocupação primeira desde o ano de 1845, no qual tem cultura efetiva e morada habitual com casas cobertas de tabuinhas, colheiros para depósito, currais, mangueiras e arvoredo frutífero, juntamente com os filhos e netos. Declarou mais que tinha cultura efetiva de milho, mandioca, feijão, criação de gado em número acima de 100 reses e outras criações.· Maria: enteada de Tristão José Francisco de Oliveira.
Em 1882 “vendeu” uma parte para o Compadre Tristão José Francisco de Oliveira, num possível acordo entre amigos.
Tropeiro e Maragato, participou da revolução da degola no RS, em 1893. Nesta revolução de 1893 ele e seus filhos tiveram participação histórica na nossa região. Seu inventário foi autuado a 04-09-1897, em Taquara, RS.
Com Anna Brandina Aurélia do Nascimento, José Manoel Corrêa teve os filhos:
Joaquim José Correa m. com Catarina Cândida da Conceição, 07-06-1900, em Gramado, RS, d. 30-09-1912, Gramado, RS.
Antonio José Corrêa * 24-08-1851.
José Manoel Correa Neto * 26-06-1853.
Venâncio José Correa * 08-03-1856.
João José Correia * 08-08-1859.
Manoel José Corrêa * a 1860.
Maria Ana do Nascimento.
Affonso Antunes Correa, * c1875.· Ele cas. Maria Joana Antunes, 08-07-1899, em Lages, SC, * c1852, Lages, SC, (filha de Lourenço Antunes de Lima e Maria Angélica da Conceição) bat. 03-05-1852, Lages, SC.
Ainda hoje, seus descendentes vivem em Gramado, em muitas gerações.
Histórico Tristão José Francisco de Oliveira
“Luso-brasileiro, agricultor, visionário, subiu a serra alcançando a Encosta Inferior do Nordeste, abrindo as primeiras picadas através da mata virgem, vislumbrando a imensa beleza desta região, construindo primeiro Rancho de Tábuas, com madeira falquejada, na nossa terra, hoje Gramado” (Hugo Daros, historiador, 1958).
“Natural de São Leopoldo, batizado aos 8 de julho de 1850, sua data de registro legal de nascimento é de 8 de outubro de 1849”. (Sebastião Fonseca de Oliveira, historiador). (Faleceu em 23/02/1923).
Tristão era filho de José Francisco de Oliveira (22/7/1815, Gravataí) e Maria José Bueno Feio. O lado feminino de seus pais tem seu bisavô, João Dias Pereira, natural da Ilha de São Jorge, no Arquipélago dos Açores, Portugal, conforme registros já encontrados em 2001, no Arquivo Histórico geral das Ilhas, em Angra do Heroísmo.
Tristão casou-se com Leonor Gabriel de Souza (30/12/1874 – 01/05/1927). Este casamento tem seu registro em São Francisco de Paula. Desta união nasceram os filhos:
Manoel Francisco de Oliveira(15/2/1897) m. Olídia Maria Correa
José Francisco de Oliveira (1885) m. Dolores Rodrigues de Moura
Manoel Antônio de Oliveira (15/2/1896) m. Rita Vaz Correa (22/5/1885)
Joaquim Francisco de Oliveira (1895) m. Maria Dozolina Damásia de Sousa
Maria Francisca de Oliveira m. Vitor Pereira Dias
Elizia Francisca ou Maria Elízia de Oliveira (solteira)
Maria Ignácia de Oliveira (1889) m. Honorato José de Leão
Honória Francisca de Oliveira m. Francisco Vaz Correa
Rita Francisca de Oliveira m. Manoel Antônio Correa
Maria Lucinda de Oliveira ( 26/1/1901 ) m. João Tomás Keller (viúvo)
Francisco de Oliveira (2/3/1904 -29/10/1906)
Maria Virgínia de Oliveira (22/9/1906) m. Avelino Alves Moraes (27/1/1889)
É preciso dizer que Leonor Gabriel de Souza (15/1/1859 ), era filha de Joaquim Gabriel de Souza, natural de Santo Antônio da Patrulha e de Elízia Maria de Jesus. Proprietários da “Quadra do Canella”,hoje, centro da cidade de Canela e também não foi por acaso que se casaram. Viviam e ocupavam áreas próximas e deve ter sido assim que se conheceram, pois o pai de Leonor era um homem muito conhecido nesta região.
Quando Tristão faleceu, em 1923, sua viúva doou a área onde hoje se encontra o Cemitério Católico. Foi o primeiro a ser ali enterrado, quando de sua inauguração.
Além de, tornar-se o pioneiro colonizador como agricultor e pecuarista, industrializou a erva-mate em seus barbaquás. Também transportava cascas de Gramamunha, rica em tanino, e carvão vegetal, para os curtumes que já existiam em Taquara e São Leopoldo.
Foi valioso colaborador do Subintendente, Major José Nicoletti Filho, como Inspetor de Quarteirão e Suplente de Subintendente no novo 5º Distrito de Taquara do Mundo Novo.
Todo o centro de Gramado, desde o Mato Queimado até os altos do Gramado Tênis Clube, eram terras suas que foram sendo vendidas para os colonos que começaram a se instalar no povoado do Gramado, em 1913, quando a sede o 5º Distrito passou, de Linha Nova para onde hoje se encontra a cidade de Gramado.
Com José Manoel Correia, compadre e amigo, iniciou o povoamento do hoje centro de Gramado, ainda no final do século XIX. Tristão era afilhado de batismo de Tristão Monteiro, o colonizador de Taquara do Mundo Novo e isto não é uma coincidência apenas. Existem laços familiares a estudar. Provavelmente, seu nome adveio deste padrinho.
Era amigo pessoal, compadre e protegido do Coronel Diniz Martins Rangel, Intendente e chefe maior de Taquara de 1900 a 1920. Este garantiu, certamente, uma confiança muito especial que o colocou ao lado do Major Nicoletti nas ações políticas.
Uma justiça se faça a ele que foi gramadense antes de todos nós, pois aqui criou seus filhos, viveu e morreu, sem nunca abandonar a terra que adotara. Garantiu assim, os primeiros passos de nossa formação histórica de identidade luso-açoriana.
Seus filhos casaram e ficaram na região e seus descendentes são incontáveis hoje em dia.
Tristão José Francisco de Oliveira deixou sua marca nas ruas desta cidade, muito antes de elas receberem seus nomes oficiais e sua escolha desta área para morar não foi em vão. Ele sabia realmente o que estava fazendo por todos nós.·

Data de publicação: 16/10/2012

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