Durante a conferência Parlamento e Fé, realizada na Câmara Municipal de Gramado (RS) e no Serrano Resort, nos dias 26, 27, 28 e 29, foi debatido que o panorama político e ideológico de quase todos os países da América Latina

Câmara é sede da Conferência Parlamento e Fé

 

Durante a conferência Parlamento e Fé, realizada na Câmara Municipal de Gramado (RS) e no Serrano Resort, nos dias 26, 27, 28 e 29, foi debatido que o panorama político e ideológico de quase todos os países da América Latina nos últimos 20 anos é muito parecido. Os grupos ideológicos alinhados à esquerda governaram vários deles e, mais recentemente, foram perdendo o poder, enquanto surgiam sucessivos escândalos de corrupção.

Na noite de abertura do congresso “Parlamento e Fé”, cerca de 100 líderes políticos e religiosos reuniram-se para falar sobre os passos necessários para a restauração das nações, conforme os preceitos da Palavra de Deus. Eles deixaram claro que há um respeito pela laicidade do Estado, o tom do evento ressaltou a necessidade de as igrejas defenderem seus valores também na plataforma política.

Idealizado pelo argentino Luciano Bongarrá, o congresso aconteceu pela primeira vez no Brasil, provocando uma reflexão sobre o panorama político no continente.

Em um dos discursos de abertura, o deputado federal Hidekazu Takayama, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, destacou o trabalho feito no Congresso Nacional para barrar centenas de propostas de leis que vão de encontro aos princípios cristãos, ainda que esta seja a profissão de fé da maioria da população. Segundo o parlamentar, o Brasil está em um momento decisivo, quando a oração da Igreja se faz necessária ao lado do voto consciente.

Também falou aos presentes o cônsul de Israel em São Paulo, Dori Goren, que destacou a relação histórica de amizade entre os países latinos e o Estado Judeu, especialmente o Brasil, pela atuação decisiva de Osvaldo Aranha na assembleia da ONU que permitiu que Israel voltasse a ser uma nação independente.

Goren lamentou os votos recentes, na ONU e na UNESCO, onde o Brasil negou-se a reconhecer os lações históricos dos judeus com seus lugares sagrados, sobretudo o monte do Templo. O cônsul destacou que, embora os governantes votem contra Israel, o amor dos brasileiros por seu país é conhecido. Destacou ainda que fica muito feliz em ver as manifestações de apoio a Israel, sobretudo das igrejas evangélicas.

Quando Bongarrá subiu ao palco, destacou que existe em toda a América Latina uma luta contra o marxismo cultural e as agendas políticas impostas pelo Foro de São Paulo – fundado nos anos 1990 por Lula e Fidel Castro – que afrontam os valores judaico-cristãos. Ele destacou a situação da Venezuela como o maior exemplo do fracasso do projeto de poder socialista, que afundaram a nação. Porém, deixou claro que quando os cristãos se unem e ocupam os espaços na sociedade, o evangelho tem poder para impedir o avanço dessas agendas.

O presidente da Coalização de Lideranças Hispânicas pró-Israel, Mario Bramnick destacou as mudanças pelas quais passam os Estados Unidos, sobretudo no campo moral e como isso está influenciando outros países. Ele faz parte do grupo de pastores que reúnem-se para orar regularmente com o presidente Donald Trump e revelou que a proibição de repasses de verbas para clínicas de aborto afetou vários países latinos.

O mexicano Carlos Perea destacou o papel dos evangélicos no cenário político latino-americano e a necessidade de a Igreja influenciar a sociedade como um todo. Ele mencionou as atuações de pastores no campo político, que nem sempre são bem aceitas pela população.

Os líderes cristãos Gabriella Ortiz (Equador), Pablo Novosak (Paraguai), Ana Valoy (Argentina), Marcelo Diaz (Argentina) e Walter de Paula (Brasil) discorreram sobre a imposição dessas pautas foram disseminados em seus respectivos países.

Segundo os estudiosos, tudo começou de maneira sutil, como parte de um “processo ideológico”, que questionava os conceitos sedimentados nas sociedades baseadas em valores judaico-cristãos. Num esforço claramente organizado, em pouco mais de três décadas, a partir de ideias de “diversidade” disseminadas nas Organização das Nações Unidas, essas ideias estão amplamente difundidas em todo o continente.

A reconceituação do que seria o sexo (agora visto como gênero), foi seguida de uma tentativa de “eliminar as desigualdades”, numa desconstrução da ideia de casamento bíblico, onde o feminismo abre uma “guerra dos sexos”, onde o inimigo final é o conceito bíblico de que existe uma complementação entre homem e mulher.

Foi proclamado esse fim do patriarcado, entendido como governo do homem, tendo como um de seus objetivos a promoção do fim das diferenças entre homem e mulher, na eliminação das características dadas a cada um por Deus na criação.

O uso amplo do termo “discurso de ódio” passou a ser um rótulo para todos os que pensam diferente ou se opõe a “essa nova ordem mundial”. Isso atingiu de várias formas a igreja, que não estava preparada para o embate no campo político e ideológico, sendo “engolida” pelo marxismo cultural.

Admitindo que a reação eclesiástica foi tardia, Marcelo Diaz pontuou que surgiram várias iniciativas no continente. “Despertamos muito tarde para as consequências do fracasso do marxismo como ideologia econômica, mas que sobrevive sob a forma do marxismo cultural que prega a destruição de família e da vida, conforme defendia o antigo Manifesto Comunista”, avaliou.

Entre as iniciativas, destacou-se o “Congresso Ibero-americano pela Vida e pela Família”, realizado em fevereiro de 2017 no México. Na ocasião, cerca de 300 líderes latinos, incluindo pastores, políticos e educadores, foram convocados a estabelecer localmente “grupos de capacitação e de consulta”, incluindo atuação no campo político “em favor da vida e da família”.

O advogado brasileiro Walter de Paula foi enfático: “Com o mesmo argumento inicialmente inofensivo do respeito à ‘diversidade’ ganharam espaço temas como Ideologia de Gênero, aborto, restrição da liberdade de consciência, limitação da liberdade de expressão, restrição de liberdade religiosa, doutrinação político-ideológica nas escolas, erotização precoce, destruição da família, promoção da violência, banalização da vida, manipulação de minorias, ecoditadura, criminalização da atividade missionária, política anti-Israel e neutralidade religiosa”.

Ainda segundo ele, “são várias as artimanhas legislativas que visam implantar a ideologia de gênero através do Plano Nacional de Educação em níveis federal, estadual e municipal, PL 122, base nacional comum curricular. Felizmente, tudo caiu com a atuação dos evangélicos e dos católicos em Brasília, mas o STF tem sido o novo ambiente de esquerdização, desprezando a atividade parlamentar e implantando uma severa ditadura que nos afeta gravemente a todos nós”.

A opinião unânime dos painelistas é que a igreja não possui ainda uma “resposta bíblica” para muitas dessas questões, que são geralmente vistas como problemas “do mundo”, ainda que afetem diretamente a sociedade como um todo, especialmente para as novas gerações que vem sendo bombardeadas por esses ideais nas escolas.

Gabriella Ortiz destacou que se faz cada vez mais necessário o debate sobre a influência das agendas globalistas no âmbito da igreja, sendo urgente uma “resposta pastoral” e a produção de literatura teológica e bíblica sobre essas novas realidades do mundo que “jaz no maligno”, mas que continua “amado por Deus”.

 

Informações- Gospel Prime

Data de publicação: 08/05/2018

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